segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Missões 2010

Queridos irmãos e irmãs,

O mês de outubro, com a celebração do Dia Mundial das Missões(*) , oferece às comunidades diocesanas e paroquiais, aos Institutos de Vida Consagrada, aos Movimentos Eclesiais, a todo o povo de Deus a oportunidade de renovar o compromisso de anunciar o Evangelho e dar às atividades pastorais um amplo fôlego missionário. Tal evento anual nos convida a viver intensamente os caminhos litúrgico e catequético, caritativo e cultural, mediante os quais Jesus Cristo nos convida à mesa da Sua Palavra e da Eucaristia, para apreciar o dom da sua Presença, formar-nos em sua escola e viver sempre mais conscientemente unidos a Ele, Mestre e Senhor. Ele mesmo nos diz: "Quem me ama será amado por meu Pai e também Eu o amarei e me manifestarei a ele" (Jo 14, 21).


Somente a partir desse encontro com o Amor de Deus, que transforma a existência, podemos viver em comunhão com Ele e entre nós, e oferecer aos irmãos um testemunho credível, dando razão à esperança que há em nós (cf. 1 Pd 3, 15). Uma fé adulta, capaz de se confiar totalmente a Deus com atitude filial, nutrida pela oração, pela meditação da Palavra de Deus e do estudo das verdades da fé, é condição para promover um novo humanismo, fundado no Evangelho de Jesus.


Em outubro, além disso, em muitos países se retomam as várias atividades eclesiais após a pausa do Verão, e a Igreja nos convida a aprender com Maria, através da oração do Santo Rosário, a contemplar o projeto de amor do Pai sobre a humanidade, para amá-la como Ele a ama. Não será isso também o sentido de missão?


O Pai, de fato, nos chama a ser filhos amados no seu Filho, o Amado, e a reconhecer-nos todos irmãos n'Ele, Dom de Salvação para a humanidade dividida por discórdias e pecado, e Revelador do verdadeiro rosto daquele Deus que "tanto amou o mundo que deu o Filho unigênito para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3, 16).


"Queremos ver Jesus" (Jo 12,21), é o pedido que, no Evangelho de João, alguns gregos, vindos a Jerusalém para a peregrinação pascal, apresentam ao apóstolo Filipe. Tal pedido ressoa também em nosso coração neste mês de outubro, que nos lembra como o compromisso e a missão do anúncio evangélico estão atribuídos a toda a Igreja, "por sua natureza, missionária" (Ad gentes, 2), e nos convida a nos tornarmos promotores da novidade de vida, feita de relações autênticas, nas comunidades fundadas sobre o Evangelho.


Em uma sociedade multiétnica que sempre mais experimenta formas de solidão e de indiferença preocupante, os cristãos devem aprender a oferecer sinais de esperança e a tornarem-se irmãos universais, cultivando os grandes ideais que transformam a história e, sem falsas ilusões ou medos inúteis, comprometer-se a fazer o planeta a casa de todos os povos.


Como os peregrinos gregos de dois mil anos atrás, também os homens de nosso tempo, embora nem sempre conscientemente, pedem aos crentes não apenas para "falar" de Jesus, mas "fazer ver" Jesus, fazer resplandecer o Rosto do Redentor em todos os cantos da terra, frente às gerações do novo milênio e, especialmente, frente aos jovens de todos os continentes, destinatários privilegiados e sujeitos do anúncio evangélico. Eles devem perceber que os cristãos carregam a palavra de Cristo porque Ele é a Verdade, porque encontraram n'Ele o sentido, a verdade para a própria vida.


Essa consideração aponta para o mandato missionário que receberam todos os batizados e toda a Igreja, mas que não pode se realizar de modo credível sem uma profunda conversão pessoal, comunitária e pastoral. De fato, a consciência do chamado a proclamar o Evangelho estimula não apenas o fiel individual, mas todas as comunidades diocesanas e paroquiais a uma renovação integral e a se abrir cada vez mais à cooperação missionária entre as Igrejas, para promover o anúncio do Evangelho no coração de toda a pessoa, de todo o povo, cultura, raça, nacionalidade, em qualquer nível.


Essa consciência se alimenta através do trabalho dos Sacerdotes Fidei Donum, dos consagrados, dos catequistas, dos Leigos missionários, em uma busca constante de promover a comunhão eclesial, de modo que também o fenômeno da "interculturalidade" possa se integrar em um modelo de unidade, no qual o Evangelho seja fermento de liberdade e progresso, fonte de fraternidade, de humildade e de paz (cf. Ad gentes, 8). A Igreja, de fato, "em Cristo, é como que o sacramento, ou sinal, e o instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o gênero humano" (Lumen gentium, 1).


A comunhão eclesial nasce do encontro com o Filho de Deus, Jesus Cristo, que, no anúncio da Igreja, alcança os homens e cria comunhão com Ele mesmo e, assim, com o Pai e o Espírito Santo (cf. 1 Jo 1, 3). O Cristo estabelece a nova relação entre o homem e Deus. "Ele revela-nos que 'Deus é amor' (1 Jo 4, 8) e ensina-nos ao mesmo tempo que a lei fundamental da perfeição humana e, portanto, da transformação do mundo, é o novo mandamento do amor. Dá, assim, aos que acreditam no amor de Deus, a certeza de que o caminho do amor está aberto para todos e que o esforço por estabelecer a universal fraternidade não é vão" (Gaudium et Spes, 38).


A Igreja se torna "comunhão" a partir da Eucaristia, na qual Cristo, presente no pão e no vinho, com o seu sacrifício de amor, edifica a Igreja como seu corpo, unindo-nos a Deus uno e trino e entre nós (cf. 1 Cor 10, 16ss). Na Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis escrevi: "Não podemos reservar para nós o amor que celebramos neste sacramento: por sua natureza, pede para ser comunicado a todos. Aquilo de que o mundo tem necessidade é do amor de Deus, é de encontrar Cristo e acreditar n'Ele. Por isso, a Eucaristia é fonte e ápice não só da vida da Igreja, mas também da sua missão: 'Uma Igreja autenticamente eucarística é uma Igreja missionária'" (n. 84), capaz de levar todos à comunhão com Deus, proclamando com convicção: "Aquilo que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que vós possais estar em comunhão conosco" (1 Jo 1,3).


Caríssimos, neste Dia Mundial das Missões, em que o olhar do coração se dilata sobre o imenso espaço da missão, sentimo-nos todos protagonistas do empenho da Igreja em anunciar o Evangelho. O impulso missionário sempre foi sinal de vitalidade para nossas Igrejas (cf. Carta Encíclica Redemptoris missio, 2) e a sua cooperação é testemunho singular de unidade, fraternidade e solidariedade, que a torna credível anunciadora do Amor que salva!


Renovo, portanto, a todos o convite à oração e, apesar das dificuldades econômicas, ao empenho na ajuda fraterna e concreta no sustento das Igrejas jovens. Tal gesto de amor e de partilha, que o serviço precioso das Pontifícias Obras Missionárias, à qual vai a minha gratidão, proverá a distribuir, apoiará a formação de sacerdotes, seminaristas e catequistas nas mais longínquas terras de missão e encorajará as jovens comunidades eclesiais.


Na conclusão da mensagem anual para o Dia Mundial das Missões, desejo exprimir, com carinho especial, o meu reconhecimento aos missionários e missionárias, que testemunham nos lugares mais distantes e difíceis, muitas vezes com a vida, o advento do Reino de Deus. A eles, que representam a vanguarda do anúncio do Evangelho, vai a amizade, a proximidade e o apoio de todo o crente. "Deus, (que) ama a quem dá com alegria" (2 Cor 9, 7) os encha de fervor espiritual e felicidade profunda.


Como o "sim" de Maria, toda a generosa resposta da Comunidade eclesial ao convite divino a amar os irmãos suscitará uma nova maternidade e Apostólica (cf. Gal 4, 4.19.26), que, deixando-se surpreender pelo mistério do Deus amor, o qual "quando chegou a plenitude dos tempos [...] enviou o seu Filho, nascido de mulher" (Gal 4, 4), doará confiança e ousadia a novos apóstolos. Tal resposta tornará todos os crentes capazes de ser "alegres na esperança" (Rom 12,12) ao realizar o projeto de Deus, que deseja "que todo o gênero humano forme um só Povo de Deus, se una num só corpo de Cristo, e se edifique num só templo do Espírito Santo" (Ad gentes, 7).


Dado no Vaticano, aos 6 de fevereiro de 2010





(*)O Dia Mundial das Missões, este ano, será celebrado no dia 24 de outubro, com o tema "a construção da comunhão eclesial é a chave da missão".



Pe.Emílio Carlos Mancini+
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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

BILHETE DE EVANGELHO- 25º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO C

A que mestre estamos amarrados: a Deus ou ao dinheiro?

25º DOMINGO DO TEMPO COMUM-ANO C
19 de Setembro de 2010

Quanto se trata de viver, e sobretudo de sobreviver, estamos prontos a tudo, todos os meios parecem bons para pôr a cabeça de fora. O administrador da parábola vai perder os seus meios de viver, procura a maneira de se sair. Reconhece que não tem a força de trabalhar, nem de mendigar. Então, tomando consciência que não pode conseguir sozinho, procura amigos a todo o preço, mesmo com o preço da desonestidade. O mestre faz o elogio, não da sua desonestidade, mas da sua habilidade. O objetivo da parábola é fazer refletir aqueles que se reclamam cidadãos do Reino: estão dispostos a tudo para procurar o essencial e vivê-lo? A sua habilidade é também como a dos filhos deste mundo que, para as coisas materiais, estão dispostos a sacrificar a dimensão espiritual da sua vida? Jesus não pede para imitar o administrador nos seus gestos, mas para ser como Ele na procura do essencial.

À ESCUTA DA PALAVRA.

Eis Jesus que Se põe a dissertar sobre a economia, mas uma economia que parece envolver falsários… Como compreender tal parábola na boca de Jesus?

Podemos logo pensar que Ele não quer dar o administrador desonesto como exemplo, mesmo se o mestre deste faz o seu elogio. Jesus chama-o explicitamente “administrador desonesto, com esperteza”. Jesus conhece o coração do homem, um coração perverso. Mas Jesus não fica nesta dimensão do coração do homem. Ele sabe que em todo o homem, por mais pervertido que seja, há sempre um cantinho positivo.

Ele vê a prova de habilidade do administrador para conseguir safar-se. Esta habilidade é colocada ao serviço de um mal.

Mas, em si mesma, pode ser posta ao serviço do bem. Então, diz Jesus, se vós, meus discípulos, que sois chamados “filhos da luz”, sabeis ser tão habilidosos a respeito da vossa vida cristã, quantas coisas poderão mudar! Jesus aproveita para recordar o seu ensino constante sobre o dinheiro e a riqueza material.
Não podemos viver sem dinheiro. Mas saibamos utilizá-lo com habilidade, para o bem. Que ele não se torne um mestre tirânico. Saibamos utilizá-lo, não para nos enriquecermos egoisticamente, mas para o pôr ao serviço do bem dos outros, a começar pelos mais pobres. Aqui, a nossa habilidade deve estar ao serviço do bem! Não levaremos dinheiro no nosso caixão. Mas o bem que com ele tivermos feito seguirá para além da morte, “nas moradas eternas”. A lição continua sempre válida hoje!

PALAVRA PARA O CAMINHO…

Deus ou o dinheiro?

Amós e Lucas convidam-nos a um sério exame de consciência sobre a nossa maneira de praticar a justiça social e de utilizar o dinheiro. Quantos pobres, hoje no mundo, são explorados com meia dúzia de reaiss por alguns que enriquecem sobre a sua miséria? Não acusemos ninguém! Nesta semana, retomemos estes textos para fazer o ponto da situação em toda a verdade.

A que mestre estamos amarrados: a Deus ou ao dinheiro?

Por: Padre Emílio Carlos+

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

BILHETE DE EVANGELHO - À ESCUTA DA PALAVRA

Quando somos incomodados, geralmente recriminamos ou acusamos. Os fariseus e os escribas recriminam Jesus porque acolheu bem os pecadores.

O filho mais velho da parábola recrimina o seu pai porque acolhe, com os braços abertos, o filho mais novo. Recriminam porque os seus corações estão fechados, recriminam porque eles próprios não podem acolher.

De fato, não estarão eles a recriminar-se a si mesmos?

O caminho está em acolher e deixar-se acolher…

A parábola do filho pródigo é a mais conhecida das três “parábolas da misericórdia”.

Mas as duas primeiras dão-nos também uma grande luz.

Recordemos que as ovelhas tinham grande importância para o pastor. Não se pode aceitar que ele perdesse uma.

Quanto à dracma, era uma soma importante. Basta pensar que uma família inteira podia viver um dia com duas dracmas.

Compreende-se que a mulher que a perdeu, tudo faça para a encontrar.

Jesus precisa: o pastor procura a sua ovelha perdida “até a encontrar”; a mulher procura a dracma perdida “até a encontrar”. Através destas duas personagens, é o Pai que Jesus nos quer mostrar.

Eis como o nosso Pai age: diante dos homens que se afastam d’Ele, que vão por caminhos de perdição, Ele parte à sua procura, mas nunca pára esta procura.

Quando há um naufrágio, efetuam-se procuras para encontrar as vítimas. Mas, ao fim de um certo tempo, acabam-se estas procuras: já não há mais esperança! Mas não para Deus. Ele vai até ao fim, Ele encontrará de qualquer modo a sua criatura perdida.

Mas onde? É na morte, consequência última da recusa do amor, que cai o homem. É na morte que Jesus irá para encontrar a humanidade perdida.

E aí, no fundo das nossas trevas, que faz o pastor?
Enche-se de cólera, bate na sua ovelha infiel, obriga-a a subir todo o caminho pelos seus próprios meios? Não! Nada disso! Quando a encontra, leva-a aos ombros. Jesus pega o homem aos ombros, poupa-lhe a dificuldade da subida para a luz.

Como dizer mais explicitamente a gratuidade da salvação que Ele nos vem trazer?

É a mesma luz do Pai que acolhe o seu filho sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente a sua dignidade de homem livre o seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado.

Como não transbordar de alegria diante de um tal Deus?

PALAVRA PARA O CAMINHO…

Entrar na alegria do nosso Pai… No Evangelho de hoje, Lucas oferece-nos três parábolas para nos falar da Misericórdia de Deus nosso Pai: a ovelha perdida, a moeda perdida, o filho pródigo.

Ser beneficiários deste perdão pleno de amor do nosso Pai é o desejo de todos nós. Mas não nos acontece, tal como o filho mais velho, considerar que alguns dos nossos irmãos são imperdoáveis e, por vezes, acolher com cólera sanções da justiça que nos parecem demasiado clementes?

Vamos recusar entrar na alegria do nosso Pai, que Se compraz a conceder a sua graça?

Por: Padre Emílio Carlos

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

MÊS DA BÍBLIA 2010: O LIVRO DE JONAS

Desde o Concílio Vaticano II, a Bíblia ocupou um espaço privilegiado na família, com os grupos de reflexão, os círculos bíblicos, a catequese que se tornou bíblica e nas pequenas comunidades dos bairros das cidades.

A Igreja no Brasil que atua na pastoral das periferias das cidades desenvolveu uma prática de leitura e reflexão da Bíblia muito particular e que muito contribui para o sustento da fé dos grupos comunitários e da caminhada das pessoas. É uma forma muito rica e transformadora de viver a missão evangelizadora da Igreja que é a de servir a Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada.

O Mês da Bíblia surgiu há 39 anos em Belo Horizonte e destacou-se a importância da leitura e do estudo das Sagradas Escrituras.

Na verdade, o Mês da Bíblia, novidade para os católicos muito contribuiu para o desenvolvimento da Pastoral Bíblica e a compreensão mais profunda da Palavra de Deus nas paróquias e dioceses.

Hoje, o estudo da Bíblia deixa de ser uma Pastoral isolada das outras, mas passa ser uma própria e verdadeira animação Bíblica em toda a vida pastoral dos grupos ativos e vem ser a forma mais adequada de acentuar a centralidade da Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.

Para este ano de 2010, o mês da Bíblia, propõe o estudo e a meditação do Livro de Jonas com destaque para a evangelização e a missão na cidade.

O mês da Bíblia esta ligado a temática da Campanha da Fraternidade deste ano, destaca o livro de Jonas para seu estudo e reforça a idéia da universalidade do amor de Deus, que reconhece o valor de todos, esse texto da Escritura nos faz refletir sobre a evangelização do mundo urbano.

Assim, o conhecimento do profeta Jonas será uma grande contribuição para que o entusiasmo não esfrie e a Igreja possa continuar ampliando sua reflexão sobre a amplitude de sua missão.

Resumo da história de Jonas

A história de Jonas é muito conhecida de todos nós.

Já ouvimos muitas vezes, que o personagem de destaque no estudo deste mês da Bíblia é enviado a Nínive, mas ele procura fugir, embarca em um navio para a cidade de Társis, um lugar distante, onde, se acreditava Javé não se encontrava.

Mas o que Jonas queria era escapar do convite de Deus, para enfrentar sua realidade ir a Nínive a grande cidade.

Diante desta reação, Javé provoca uma forte tempestade. No navio, em que Jonas viajava, para fugir de Deus, os marinheiros trabalham duramente para poderem sobreviver e evitar o náufrago na tempestade, mas Jonas, com medo de Deus, se esconde e dorme tranquilamente e profundamente no porão do navio.

Sendo encontrado pelos marinheiros, o próprio Jonas, com medo, pede que seja jogado ao mar imaginando que iria aplacar a ira de Javé.

Mas também pensava consigo mesmo afinal se morrer, não terei de assumir a ordem de Javé.

Entretanto o improvável acontece, um grande peixe, por ordem da divindade engole-o e, após três dias, Jonas na barriga do grande peixe é vomitado na praia. Enquanto estava nas entranhas do peixe, Jonas rezava.

Mas Deus não recua e novamente dá a Jonas a ordem de ir à cidade de Nínive. Depois de tanta insistência de Deus Jonas resolve obedecer.

Jonas vai e anuncia a destruição de Nínive. Todos os habitantes se convertem: homens, mulheres, rei e animais. Deus se compadece, e Jonas fica indignado com a atitude misericordiosa de Javé.

A história de Jonas é muito conhecida, e uma das cenas preferidas é a de Jonas engolido por um peixe e sua permanência por três dias e três noites, na barriga do peixe (Jn 2,1-2.11).

Do objetivo do mês da Bíblia:

De fato, a escolha do livro de Jonas para o estudo durante o mês de setembro tem por objetivo tirar os católicos do comodismo e do julgamento preconceituoso e os encaminhar para a evangelização da cidade.

Que o estudo e a meditação do livro de Jonas nos ajudem a vencer a tentação de fugir dos desafios da missão na cidade e nos tornem capazes de acolher a todas as pessoas sem acepção.

A mensagem do Livro de Jonas

Na época do período da dominação persa em que vivia Neemias e Esdras (450-350 a.C.), os interesses principais, eram a reconstrução de Jerusalém, a restauração da Lei e das práticas rituais, que estavam esquecidos, a eliminação de influências estrangeiras com muitos casamentos mistos, bem como o uso de genealogias para gerarem direitos de pertença ao povo escolhido por Deus.

O autor do livro de Jonas, que coloca o nome do livro ao seu personagem principal, ironiza o comportamento do judeu nacionalista e tem um olhar favorável aos estrangeiros.

A resistência de Jonas, querendo sempre fugir representa os grupos que não aceitam que Javé seja misericordioso com os povos estrangeiros sejam eles os assírios, como Abdias, Joel, Neemias e Esdras.

No decreto do rei de Nínive, o texto faz um apelo à mudança radical de vida: "invocarão a Deus com vigor e se converterá cada qual de seu caminho perverso e da violência que está em suas mãos" (Jn 3,8).

O apelo à conversão dos opressores não é a um Deus único, mas o abandono de qualquer forma de injustiça social.

Portanto, o livro de Jonas nos apresenta o perdão e a misericórdia de Deus para todas as pessoas, até para os piores inimigos do povo de Israel.

A personagem Jonas passa ser símbolo do povo que não acredita na intervenção de Deus a seus inimigos.

O autor do livro de Jonas acredita que o perdão e a ação de Deus não têm fronteiras.

As pessoas que liam ou ouviam a narrativa de Jonas eram desafiadas a rever a compreensão de Deus.

O livro de Jonas passa a ser usado contra uma visão reduzida de grupos de judeus que pensavam que eles eram o único povo abençoado por Deus, sem exceções.

O texto vai além, apresenta um Deus que vê e se arrepende do mal. Um Deus que se manifesta sensível à vida do povo, como é apresentado Deus no Êxodo: "Eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi o seu clamor por causa dos seus opressores; pois eu conheço as angustias. Por isso desci a fim de libertá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e vasta, terra que mana leite e mel" (Ex 3,7-8a).

Deus vê e age. É um Deus solidário e próximo, favorável a todas as pessoas que se convertem de sua má conduta e ações violentas.

Chave de Leitura do livro de Jonas:

No capítulo 4 do livro de Jonas, há um duplo questionamento a Jonas: "Tens, por acaso, motivo para te irar?".
"Está certo que te aborreças por causa da mamoneira?" (Jn 4,4.9).

Aqui está a chave para a mensagem central do livro.

Deus lança um apelo a Jonas para que ele reconheça o seu erro e que Deus está certo ao mostrar sua compaixão diante do comportamento dos assírios em Nínive.

O desafio final do livro de Jonas:

E o livro termina com a pergunta: "E eu não terei pena de Nínive?".

Esta questão foi um desafio para todos os ouvintes do tempo de Jonas. E continua em aberto, exigindo uma resposta de quem lê a história.

Que a narrativa de Jonas possa trazer novas luzes para a nossa vida pessoal e dos nossos grupos de reflexão bíblica e comunidades.

Superar preconceitos é um processo para a vida inteira, a cada dia somos desafiados. Que o Deus da ternura e da misericórdia, que o livro de Jonas nos apresenta, ajude-nos a percorrer este caminho novo.

Prof. Odalberto Domingos Casonatto
encontra também no blog: http://pemiliocarlos.blogspot.com/

Pe.Emílio Carlos Mancini+
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Para este Mês da Bíblia... A Palavra veio morar entre nós


Deus deixou a Palavra e o homem criou o palavrório.

Há um complô contra o silêncio: ruas, casas, lojas, clínicas estão povoadas por sistemas de som com música, anúncios, vantagens.
O lar está tomado pelo barulho da TV, do rádio, celular, telefone, aparelho de som.

Há barulhos nas imagens, anúncios nas estradas e vias públicas, sites de internet que também rompem o silêncio, às vezes com efeitos mais desastrosos ainda.
Por que temos tanta dificuldade em parar, fechar os olhos, permanecer silenciosos ou, silenciosamente, contemplar as pessoas que nos cercam, a paisagem oferecida gratuitamente?

É o medo de nós. Medo da vida que levamos e fingimos que não levamos.

Fugimos da palavra verdadeira, autêntica, que nasce do silêncio e por ele é guardada.
O silêncio é a embalagem mais preciosa para a palavra legítima que nos orienta.

Uma embalagem frágil, diga-se, e se prefere esmagá-la quando nos fala palavras que nos machucam por dizerem a verdade.

Mas, vida sólida não combina com barulho, pois, sem o silêncio, não é possível uma vida de combate à dispersão, à ânsia, à distração, ao vazio interior.
A solidão, o silêncio e a ascese permitem olhar face a face os pensamentos-tentações que nos afligem: não crer em Deus nem em nada, a conclusão de que tudo se acaba em nada, o peso dos pecados que leva a duvidar do perdão, a capacidade de ver o bem no ser humano.

O silêncio e a solidão nos obrigam a dar uma resposta a esses verdadeiros problemas, tão ocultos na vida social, mas tão exigentes para que possamos existir com sentido.
Ouvir o silêncio que fala, ouvir a Palavra de Deus exige que se calem as outras palavras, que se escute o outro, o irmão e a irmã que batem à nossa porta a fim de escutarmos seus problemas, sofrimentos, a palavra de sua vida.

Foi no silêncio eterno que a criação ainda informe e vazia ouviu a primeira Palavra do Criador: “Faça-se a luz!” (Gn 1,3). Essa Palavra continua a ecoar pela história daqueles que decidem tornar suas existências luminosas mas, somente é ouvida no silêncio.

E, sem a luz, a palavra não discerne o belo e o mau.

O barulho nos faz escutar o nada, leva-nos ao esvaziamento das profundezas de nosso coração, chegando a impedir-nos o grande grito silencioso e necessário “Das profundezas, Senhor, a vós eu clamo!” (Sl 129,1).

Silêncio – a Palavra veio morar entre nós

O silêncio é um caminho que se percorre no exercício perseverante e até árduo do encontro conosco.
Às vezes o silêncio espanta e vem a tentação de retornar ao barulho, ao palavrório vazio.
Prefere-se o sonambulismo espiritual, o não se conhecer em profundidade e se cai na alienação.

Numa espiritualidade movida a vácuo multiplicamos a ação, nos embebedamos para gritar falsas alegrias, transformamos o louvor em algazarra, o ato penitencial em gemido narcisista, a Liturgia em espetáculo, gritamos para Deus a fim de que ele não possa ser ouvido. Permaneceremos como semente lançada em chão sem profundidade.

“E a Palavra se fez carne, e veio morar entre nós” (Jo 1,14).

O Filho Eterno do Pai não veio ao mundo com palavras, mas como Palavra feito carne, vida, encontro, misericórdia.

Não Palavra de ensino, legalista, mas Palavra encarnada que nos narra o Pai, possibilitando-nos o confronto com aquele que, único, pode dizer: “Faça-se a luz!”.

Cristo-Palavra é o Filho estampado no rosto humano e permite decifrar Deus em cada rosto de homem, onde o Deus pessoal o trata como um “tu” e com ele estabelece diálogo.

Então o homem mergulha no Absoluto e recupera sua imagem dialogal – somente se é pessoa diante de um tu – e emerge indo ao encontro do mistério do próximo, dando um significado infinito ao rosto do outro.

Na Palavra que se manifesta na Bíblia o homem se descobre vivendo o barulho angustiado, tomado pelo nihilismo, “eu não existo, não sou nada” para, em seguida, alimentado pelo silêncio, descobrir que existe, que necessita de salvação e que o Senhor é essa salvação.

A Bíblia é uma Palavra, a Palavra é Cristo, Deus é uma Palavra: Amor.

Para fugir do Amor criamos palavrórios sedutores envolvidos em embalagens de teologias prolixas, criamos igrejas movidas a curas e milagres, competições denominacionais, proferimos conferências e sermões gritantes, colocamos o demônio em todos os problemas, transformamos o Cristianismo em terapia.

Não é necessário tanto palavrório. Servem apenas para fugir da verdade que é mais simples: é Palavra-amor no qual Cristo nos revela quem é Deus e, ao mesmo tempo, quem é o homem.

Silêncio não significa só exclusão de palavras e não pode ser considerado somente no seu aspecto negativo.

Silêncio não é um estado de esquecimento, de vazio, de “nada”; ao contrário, o silêncio ao qual nos referimos distingue-se pelo seu caráter positivo, é uma linguagem que transborda de uma presença impregnada de vida, de solicitude, de oblação.

O silêncio a que aludimos, “faz falar pouco para ouvir muito”. A necessidade de se derramar em palavras inúteis vai diminuindo progressivamente, porque existe uma vida interior cada vez mais intensa, que se vai impregnando da pura atenção ao OUTRO ou Totalmente Outro- O Absoluto- que é Deus...É o silencio do egoísmo, das susceptibilidades, das vontades e dos caprichos.

Este silêncio é o comportamento indispensável para escutar Deus e para acolher a sua comunicação, é a atmosfera VITAL da Oração, da Salmodia e de todo Culto Divino.

Este silêncio é progressivo, amassado primeiramente em muito domínio, quer da língua, quer da imaginação e da memória. É deixar-se avassalar por uma Presença que não é outra senão Deus e daqui radica o silêncio do coração.

A necessidade e o valor do silêncio da língua – que é o mais elementar - encontram na Sagrada Escritura um precioso testemunho. Nas suas numerosas passagens recomendam:

O reto uso da palavra – Prov.10; 6-32 / 12; 18-19,22 / 15, 1; Ecl 23; 7-12 / 20; 1-7,18 ss

- Convidam a evitar a inconstância da palavra Ecl. 5; 9-15
- E os pecados da língua Ecl 23; 7-15 / 28; 13-26 - Conhece-se o gesto simbólico de tapar a boca com a mão Jo 21; 5 - Prov. 30; 32 - Ecl. 5; 2
- Relaciona-se o silêncio com a fortaleza Is. 30; 15
- E com a Justiça (Vulgata) Is. 32; 7

Além do silêncio ascético, o AT. Fala também do silêncio reverencial nas relações do homem com Deus - Lam 3; 26 / Os 2; 16 / Zac 2; 17
Este silêncio, contudo, no AT, salienta-se mais pelo temor servil do que pelo Amor filial.

No Novo Testamento, o texto mais significativo do silêncio ascético é o de S. Tiago 3,1-10 sobre o domínio da língua. Também Jesus condena as palavras que, procedendo de um coração mau, malicioso.. saem pela boca Mt. 15;19; cf. 5;22 e põe de sobreaviso contra as palavras sem fundamento que constituirão matéria de juízo – Mt. 12; 36.

Jesus, ao calar-se diante de Pilatos, eleva o silêncio a uma virtude heróica.

Ele recorda com os seus ensinamentos a importância do silêncio.
Retira-se para lugares desérticos e silenciosos para passar a “noite em oração” Lc. 6;12 – cf 22;39.

O NT apresenta também como modelos de silêncio MARIA Lc. 2; 19-51 / JOSÉ Mt. 1;10, João Batista...

O silêncio da palavra e das manifestações exigentes (violentas) do egoísmo dá passo ao silêncio interior.

Segundo a Patrística citaremos apenas alguns padres da Igreja a saber:

1. S. Gregório de Nazianzo recorda o “ deserto como fonte de progresso para Deus, de Vida Divina” e chama ao Louvor a “ filha do Silêncio”.

2. S. Basílio recorda o valor purificador e a vantagem da “solidão silenciosa” para o encontro com Deus

3. S. João Clímaco insere o silêncio na “escala de perfeição” (10º, 11º e 12º)

4. S. Ambrósio fala da “taciturnidade como remédio da alma” e compara a “quem fala muito com uma vasilha furada incapaz de conservar os segredos do Rei”

5. Stº Agostinho fala da “alegria de escutar silenciosamente”

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No Mês Da BíBlia:


Os três primeiros evangelhos são chamados sinóticos oriundos da palavra grega que significa “ver junto”. Mateus, Marcos e Lucas vêem a vida de Jesus Cristo de forma semelhante, cada um com sua ênfase: Mateus apresenta Cristo como o rei dos Judeus. Marcos apresenta Cristo como o servo e escreve para os Romanos. Lucas por sua vez, vê Cristo como o filho do homem e escreve para os Gregos.
Enquanto João é diferente dos outros escritores sinóticos, no sentido de que ele dá ênfase à divindade do Salvador e o apresenta como filho de Deus e o seu evangelho é universal. Os três primeiros evangelhos lidam com os eventos da vida de Cristo, João trata do sentido espiritual desses eventos, de forma bem objetiva, vejamos que no quarto evangelho encontramos Jesus satisfazendo as três principais necessidades da vida espiritual.

No terceiro capitulo ele tem um diálogo com Nicodemos e fala sobre o fôlego ou vento do espírito sem o qual o homem não pode ter vida espiritual e eterna. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é Espírito” (João 3,6)
No quarto capitulo ele falou com a mulher samaritana sobre a água viva por meio da qual ela poderia viver para sempre. “Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, por que a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna” (João 4,4)
No sexto capitulo ele se apresenta como o alimento essencial a vida presente e futura. “Eu sou o pão da vida” (João 6,48) ; “Quem de mim se alimenta, também viverá por mim” (João 6,57).

Sabemos que as três maiores necessidades da vida material são o ar, a água e o alimento.
O homem pode viver apenas alguns minutos sem ar, somente uma semana sem água e aproximadamente quarenta dias sem alimentos.
No entanto a mais profunda da fome e sede do homem é espiritual e João mostra-nos que Jesus é o único capaz de saciá-la. Como homem ele conhecia todas as necessidades humanas; Como Deus, ele é apto a satisfazer a cada uma delas.
Portanto amados que Deus nos ajude para que possamos extrair cada vez mais ensinamentos muito preciosos deste maravilhoso quarto evangelho.

Pe.Emílio Carlos +
Com minha benção.

Livre-se da duvida!

Donde Você Vem?
Para Onde Você Vai?
1. O homem procede das mãos de Deus!
(Evolução? – Não, obrigado!)
Deus é o Criador do Universo e do homem. Não foi o acaso que formou a você. "Big Bang", mutações, evolução, etc., são somente tentativas de explicar a criação sem o Criador. Quando o homem entenderá, que as dimensões divinas da eternidade não poderão ser definidas com conceitos humanos? Somente a fé tem a "percepção" real.
"No princípio criou Deus os céus e a terra" (Gênesis 1,1).
"Pela fé entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das cousas que não aparecem" (Hebreus 11,3).
"Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou a existir" .
2. Todo homem é pecador!
("não há quem faça o bem, não há nem um sequer" – Romanos 3,12)
O pecado não é somente uma má ação; também não é só uma série de maldades. O pecado é a velha rebelião demoníaca no homem, a oposição a Deus. Ele é a rebeldia – o modo de vida e a maneira de ser. O homem não é pecador porque peca – ele peca porque é pecador.

"...mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás" (Gênesis 2,17).
"...a morte passou a todos os homens porque todos pecaram" (Romanos 5,12).


3. As tentativas de auto-salvação das religiões.
(Muitos caminhos levam a Roma, mas somente UM a Deus!)
Nós faremos! Essas palavras são o começo de qualquer religião ou seita. As tentativas de auto-salvação estão condenadas ao fracasso. Logicamente, um perdido não pode salvar a si mesmo. Quaisquer respostas filosóficas contrárias apenas levam ao engano. O problema do pecado permanece. O que importa é somente o que Deus fez através de Jesus, não aquilo que o homem tenciona realizar. Diante de Deus não tem valor o que nós "produzimos", mas apenas a GRAÇA de Jesus!

"Viu o Senhor que a maldade do homem se havia multiplicado na terra, e que era mau todo desígnio do seu coração" (Gênesis 6.5).
"Disseram: Vinde, edifiquemos para nós uma cidade, e uma torre cujo tope chegue até aos céus, e tornemos célebre o nosso nome..." (Gênesis 11,14).


4. Você já tentou alguma vez cumprir os Dez Mandamentos?
(Ninguém é capaz disso)
Os Mandamentos de Deus são bons! Eles foram dados para a vida. Mas a lei do pecado e da morte dentro do homem torna as falhas inevitáveis. Apesar de todos os esforços, o homem não tem condições de cumprir a lei de Deus. Diante de Deus, o pecado em pensamentos pesa tanto quanto o cometido. Quem é honesto tem de admitir que o pecado é mais poderoso nele do que toda a vontade de fazer o bem, que somos incapazes de realizar!

"qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos" (Tiago 2,10).
"Maldito todo aquele que não permanece em todas as cousas escritas no livro da lei, para praticá-las" (Gálatas 3,10b).


5. A resposta de Deus à questão do pecado: Jesus Cristo!
O pecado causa a morte. Por isso, Jesus Cristo teve de morrer pela humanidade. Ele deu Sua vida em substituição como sacrifício remidor por cada um de nós! Portanto, a morte de Jesus na cruz do Calvário é a resposta salvadora para todo o que nEle crê. Jesus é o único nome pelo qual podemos e temos de ser salvos. Quem Lhe pedir perdão, vai recebê-lo. A graça é completamente gratuita. Ela é um presente a cada um que confessa sua pecaminosidade e que aceita o perdão. Somente Jesus é a resposta para este mundo!
"...carregando ele mesmo (Jesus) em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados" (1 Pedro 2,24).

"Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!" (João 1,29).


6. O tempo da graça. Hoje!
(Você tem a escolha)
O homem que não está salvo, não alcança a glória de Deus. Ele permanece perdido eternamente. A porta para a nova vida chama-se Jesus. Receba a oferta de perdão das Suas mãos.
1. Confesse e conte-Lhe as culpas e pecados em sua vida.
2. Peça-Lhe perdão.
3. Confie em Sua promessa: "...o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora" (João 6,37).
4. Não esqueça de agradecer-Lhe pelo presente do perdão e de dizer aos outros que Jesus tornou-se seu Redentor e Senhor.

"Crê no Senhor Jesus, e serás salvo, tu e tua casa" (Atos 16,31).
"Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1.9).


7. Características de uma igreja fiel à Bíblia.
(A questão do discipulado)
Jesus Cristo é o cabeça da Sua Igreja. A base da pregação tem de ser toda a Sagrada Escritura. Cada membro deve testemunhar que foi redimido somente pela graça, sem obras – exclusivamente pela fé! O fundamento da salvação eterna é o sacrifício expiatório substituto de Jesus na cruz do Calvário.
Deus fez de Cristo "...o cabeça sobre todas as cousas" e a "igreja a qual é o seu corpo" é "a plenitude daquele que a tudo enche em todas as cousas" (Efésios 1,22-23).
8. O que vai acontecer?
(O melhor ainda virá!)
O céu é o lar de todos que foram salvos através do sangue de Jesus. Ele é o lugar de eterna felicidade em uma glória sem fim. Na presença direta de Deus não haverá morte, luto, doenças ou separações. Conforme as afirmações da Bíblia, o arrebatamento dos salvos é iminente!

"...seremos arrebatados... entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor" (1 Tessalonicenses 4,17).
"...Deus que vos chama para o seu reino e glória" (1 Tessalonicenses 2,12).
"E, se alguém não foi achado inscrito no livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo" (Apocalipse 20,15).
"E irão estes para o castigo eterno..." (Mateus 25,46).
Escolha a vida!

Mês da Bíblia será celebrado com estudo do Livro de Jonas

Desde o Concílio Vaticano II, convocado em dezembro de 1961, pelo Papa João XXIII, a Bíblia ocupou espaço privilegiado na família, nos círculos bíblicos, na catequese, nos grupos de reflexão, nas comunidades eclesiais. O mês de setembro se tornou o mês referência para o estudo, a vivência e o testemunho da Palavra de Deus. Tornando-se o Mês da Bíblia.



Este ano, 2010, será o 39º ano que a Igreja celebra o Mês da Bíblia. A celebração surgiu em 1971, por ocasião do cinquentenário da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), e logo em seguida, a proposta foi lançada e aceita por toda a Igreja no Brasil.

A Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), juntamente com o Grupo de Reflexão Bíblica Nacional (GREBIN), dando continuidade à 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (2008), propôs para o Mês da Bíblia deste ano o estudo do livro de Jonas, com destaque para a evangelização e a missão na cidade.


“Ele [livro de Jonas] tem como objetivo principal ajudar o povo a cumprir o anseio do último Sínodo (2008) que destacou o mandato missionário de todo cristão como consequência do Batismo. Acrescenta-se a isso o fato do documento de Aparecida também destacar o valor do mandato missionário. Outras motivações contribuíram para a escolha do livro de Jonas: a Campanha da Fraternidade Ecumênica e o Ano Paulino, que refletiram sobre a evangelização do mundo urbano. Através do livro de Jonas, Deus faz o mesmo apelo aos cristãos de hoje: ‘Levanta-te e vai à grande cidade’ (Jn 1,2) para denunciar as injustiças e proclamar a sua misericórdia”, destacou o bispo da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-catequética, Dom Jacinto Bergmann.


Para a assessora da Comissão Bíblico-catequética, Maria Cecília Rover, responsável pela parte bíblica da Comissão, o Documento de Aparecida trata o caminho de formação dos discípulos missionários, principalmente apontando para o texto escolhido para o Mês da Bíblia 2010. “O Documento de Aparecida nos alerta para as muitas formas de nos aproximarmos da Sagrada Escritura, e destaco a Leitura Orante como a maneira privilegiada. No Livro de Jonas, ele nos ensina a não temermos os grandes desafios, levando o Evangelho a todas as direções que seguirmos. Este é o grande auxílio que vejo com o Mês da Bíblia, ele mobiliza a sociedade em torno de um tema específico, fortalecendo a comunhão social e despertando o ardor missionário de cada cristão”.


Este ano, a novidade fica por conta do livreto, em forma de leitura orante, confeccionado pelo GREBIN, e nele consta quatro leituras sobre o livro de Jonas. Além do livro, há o cartaz e o texto-base. Os materiais podem ser adquiridos pelas Edições CNBB, no endereço www.edicoescnbb.com.br e o texto-base está disponível gratuitamente na página da Comissão.

Bíblia e Catequese












1. A linguagem humana da Bíblia

“Na oração falamos com Deus; na boa leitura é Deus que nos fala”(São Jerônimo)
A Bíblia abrange um período histórico de 1000 a.C. a 100 d.C. e representa uma preciosa fonte literária para a história da humanidade.
Fazendo jus à sua etimologia (do grego Biblion), a Bíblia constitui uma autêntica biblioteca, contendo uma coleção de livros bastante diversificada em relação à forma (extensão, vocabulário, estilo) e conteúdo.
A Bíblia apresenta relatos em prosa, códigos legislativos, provérbios e máximas morais, cartas, poesia lírica e dramática, profecias, liturgia, folclore, lendas. Traz inclusive imperfeições, lacunas deficiências científicas, filosóficas e religiosas que poderiam até nos escandalizar.
Percebemos até divergências na transmissão das próprias palavras de Jesus o que torna difícil, mas não impossível conciliar tantas diferenças e disparidades.
A Bíblia é a Palavra de Deus escrita com mão humana. Deus ao se revelar na história respeitou a liberdade e a linguagem humana tão pobre e tão precária. É bonito perceber que a Palavra de Deus assumiu uma roupagem humana (linguagem), mesmo com suas deficiências, do mesmo modo como Cristo assumiu a sua natureza humana.
A constituição do Vaticano II, sobre a Palavra Deus (Dei Verbum), aproxima o mistério da Bíblia ao mistério do Verbo encarnado: “as palavras de Deus, expressas em línguas humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo eterno do Pai, tomando a carne da fraqueza humana, se tornou semelhante aos homens” (DV 13).
Ser fiel, portanto, ao mistério da Bíblia significa estar ciente de seu aspecto humano, que não foi absorvido pela Palavra de Deus, mas foi assumido por ela.

A Bííblia é o jornall de Deus ((Freii Beto))

Bíblia significa coleção de livros. Daí termos como biblioteca (depósito de livros) ou bibliografia (transcrição ou relação de livros).
A rigor, é inconcebível que um aluno diplomado na universidade jamais tenha lido a Bíblia ou, pelo menos, alguns de seus livros mais famosos.
Considerada uma obra inspirada por Deus, a Bíblia nutre a fé dos seguidores de duas grandes religiões: a judaica e a cristã.
Escrita em hebraico e grego ao longo de dez séculos, ela é expressão das vivências humanas e religiosas do povo hebreu.
A Bíblia só pode ser bem compreendida em seu contexto histórico, assim como o leitor de um jornal antigo que noticiou a queda de um ministro só será capaz de entender a notícia se resgatar a conjuntura em que se deu o fato.
Podemos comparar a Bíblia a um jornal, no qual Deus seria o diretor de Redação e os autores, como o profeta Isaías ou o evangelista Mateus, os editores.
Não é o diretor que escreve todos os textos publicados pelo jornal.
Mas é quem assegura a linha editorial que caracteriza a publicação.
Nem são os editores que necessariamente redigem os textos, mas são eles que lhes dão coerência, selecionando as informações segundo prioridades e enfoques estabelecidos pela direção do jornal.
Para aquecer a conversa (Cochichar dois a dois): existe diferença entre Bíblia e Palavra de Deus? Após a partilha e o confronto de idéias, ler o texto que se segue...
Como um jornal, a Bíblia tem um pouco de tudo: genealogias e descrições arquitetônicas, relatos de batalhas e prescrições culinárias, eventos históricos e poemas.
Judeus e cristãos acreditam que, por meio dessa variedade de gêneros literários, os autores manifestam a palavra de Deus e a resposta humana a essa palavra.
A partir desse texto, descobre-se que Deus fala hoje, através dos fatos, acontecimentos e pessoas. Está em andamento uma descoberta progressiva de que a Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia. A Bíblia ajuda a descobrir que a Palavra de Deus, antes de ser lida na Bíblia, já existia na vida...
“A palavra de Deus não é só a Bíblia, mas a Bíblia lida na atualidade sob a ação do Espírito Santo, no seio da Igreja e à luz de toda a tradição” (Gefré).

2. A línguas da Bíblia e o gênero literário

“Ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo”(São Jerônimo)
Para uma compreensão da Bíblia, é preciso despojar-se da mentalidade ocidental e entrar no clima cultural da Bíblia, livro escrito em linguagem humana. Isso ajuda a entender que a Bíblia é fruto de várias tradições, costumes e foi costurada por pessoas de diversas culturas e linguagens.
A Bíblia foi escrita em três línguas: hebraico, aramaico e grego. O hebraico está em quase todo o AT. O aramaico está presente em Esd 4,8 – 6,18; 7,12-26; Dn 2,4 – 7,28; Gn 31,47 (somente duas palavras em aramaico!); Jr 10,11. Em grego, foram escritos, originariamente: Sb e 2Mc. Mas alguns livros teriam sido originariamente escritos em hebraico (foram perdidos ou chegaram a nós
somente em versões gregas antigas), a saber, 1 Mc, Jd, Tb, seções de Dn 3,24-90; 13-14; Est (acréscimentos gregos antes de 1,1 e depois de 3,13 e 4,17; 5,1-2; depois de 8,12 e de 10,3).

Será que a língua é mesmo importante para o estudo da Bíblia?

A língua caracteriza um povo, revela sua sensibilidade para com as pessoas e para com o mundo; reflete a mentalidade e a cosmovisão de um povo. Enfim, expressa sua cultura. A tradução sempre altera alguma coisa do sentido daquilo que o escritor queria dizer. Cada tradutor traduz conforme sua própria visão.
O aramaico foi a língua dos nômades do que, em 2000 a.C. tinham invadido a Mesopotâmia e a Síria. Esses arameus serviam de intérpretes no comércio entre a Mesopotâmia, a Ásia Menor e as costas do Mediterrâneo. Sua língua tornou-se internacionalmente conhecida. Mais ou menos em 500 a.C., o aramaico tornou-se a língua da diplomacia.
A partir do exílio da Babilônia, os hebreus falavam tanto o aramaico quanto o hebraico.
Depois do exílio, o aramaico suplantou o hebraico. Este último passou a ser língua da Tradição, da literatura sacra, da liturgia. O aramaico foi a língua materna de Jesus. É esse dialeto que está na raiz das palavras de Jesus, que nos foram transmitidas pelo evangelho somente em grego.
Quanto ao grego contido na Bíblia, este se distingue do grego clássico dos filósofos. É mais simples e marcado por hebraísmos. Desenvolveu-se depois das conquistas de Alexandre Magno (±300 a.C.). Ele tornou-se uma língua comum (koiné, em grego, comum) falada e escrita.

Numa biblioteca, os livros são classificados como romances, novelas, história, geografia, bíblia, etc.

Também a Bíblia é uma biblioteca que levou mais ou menos dois mil anos para ser formada. Dois milênios de cultura estão aí retratados. A edição católica tem 46 livros no AT e 27 no NT. A Bíblia hebraica identificou implicitamente diversas formas literárias, ao classificar seus livros em três categorias: Lei, Profetas, Escritos. Para o AT, a bíblia cristã classificou-os em livros históricos, proféticos, sapienciais. Naturalmente também o Pentateuco. Para o NT, temos os Evangelhos (sinóticos e João), Atos, Cartas, Apocalipse. Trata-se de uma distinção superficial e concisa. A descoberta e o estudo científico de textos de povos contemporâneos ao mundo da bíblia
ajudaram a identificar, no conjunto da bíblia, várias formas de literatura.
Existe na exegese moderna um processo de pesquisa sobre os gêneros literários chamado de Crítica das Formas. Eis o conceito de gêneros literários: “várias formas ou maneiras de escrever, usadas comumente entre os homens de uma determinada época e região colocadas em relação constante com determinados conteúdos”.
Se quisermos conhecer o significado das páginas bíblicas, é indispensável o conhecimento dos gêneros literários. O Vaticano II suscitou a importância desse estudo (cf. DV 12).
“Assim como ninguém deixa de tomar um remédio porque na bula há um erro de concordância, também judeus e cristãos não se importam se encontram nos textos bíblicos um equívoco histórico.
A seus olhos, eles são, antes de tudo, textos religiosos. Não buscam ali noções de ciência ou história e sabem que os autores bíblicos não pretenderam alcançar precisão metodológica e científica.
Entrelaçaram referências religiosas, históricas e científicas segundo os conhecimentos da época.
Mas que importa a qualidade da fiação ou dos condutos eletrônicos, do poste ou do abajur, para quem busca luz para enxergar melhor?” (Frei Betto).

3. Bíblia e Revelação.

A leitura e a meditação da Escritura, Palavra de Deus e livro da vida, são como fontes que correm no coração e na vida das pessoas:
“É preciso que o acesso à Sagrada Escritura seja amplamente aberto aos fiéis” (DV 22).
A própria palavra revelação, já indica uma ação: "re-velar", ou seja, tirar o véu; fazer conhecer o que está encoberto ou velado. Revelação, é Deus agindo na história humana, dando-se a conhecer a todos e esperando do ser humano acolhimento e resposta de fé ao seu amor. O Vaticano II diz: “levado por seu grande amor, [Deus] fala aos homens como a amigos” (DV 2).
Deus rompeu o seu silêncio, manifestou-se e chamou os homens à comunhão com Ele.
Revelação é comunicação de Deus ao ser humano, de forma livre e gratuita. Deus revelou ao mundo o seu amor e a sua bondade por meio da criação.
Não bastasse a criação inteira, ele quis revelar-se em pessoa. Sua revelação se tornou plena em Jesus de Nazaré, “imagem do Deus invisível” (Cl 1,15), rosto humano de Deus e rosto divino do homem. Graças a Jesus, conhecemos quem Deus é e o que Ele quer de nós. E é ele que orienta para acolher a Palavra de Deus revelada e comunicada a nós: “felizes os que ouvem a Palavra de Deus e
a põem em prática” (Lc 11,28).
A Bíblia é o livro sagrado que contém a revelação de Deus, por isso, deve ser lida e meditada com olhos da fé. Não se trata de um livro científico e histórico.
Na Lectio Divina (Leitura Orante), a leitura bíblica deve ser contemplativa (deixar o texto falar, colocar-se na cena), espiritual (ler inspirado pelo Espírito Santo e não em nossa vontade) e militante (a leitura deve nos questionar, nos transformar e nos impulsionar ao apostolado e ao ministério da Palavra).

Como nasceu a Sagrada Escritura?

A Bíblia não nasceu do jeito como a conhecemos hoje.
Primeiro os fatos aconteceram, o povo interpretou os fatos, acolhendo como Revelação de Deus e foi passando histórias e conceitos de boca em boca (tradição oral). Muito tempo depois, os textos são escritos. Á medida que vão sendo usados na oração, no fortalecimento da fé, vão sendo percebidos como “sagrados”. Reconhecendo a presença de Deus nesse caminho, finalmente os textos passam a ser declarados parte das Escrituras. Dá para perceber nesse processo um exemplo de união entre Tradição e Escritura? Dá para entender o dinamismo da Tradição?

No coração da catequese, a Palavra de Deus revelada em Jesus Cristo.

Algumas considerações importantes sobre a Revelação:
- A Revelação divina tem um aspecto pessoal, não se restringindo a um conjunto de doutrinas.
- A REVELAÇÃO se concretiza através de acontecimentos e palavras (DV 2).
- Deus se comunica conosco através da Palavra nas Escrituras, mas ele fala também na vida.

Palavra de Deus e apelos da vida se interpretam mutuamente.

Deus teve um jeito especial, surpreendente e completo para se revelar a nós: na pessoa de
JESUS DE NAZARÉ (cf. Jo 12,45; 14,9).
Jesus é a grande revelação de Deus. Ele é a palavra que ilumina todos os homens.
A fé é uma resposta pessoal ao convite que Deus nos faz à comunhão de vida com Ele. É dom, pura graça Deus. Não se fabrica e nem se garante pelo simples fato de realizar práticas religiosas. A fé requer adesão pessoal, é abandono total e disponibilidade para viver esta comunhão.
Além da Bíblia, a Igreja se baseia também na Tradição, a qual tem um papel fundamental na transmissão, na vivência e na compreensão da mensagem.
Tradição é toda a vida da Igreja. Não é algo morto, esquecido. Ela contém todo o patrimônio da fé da Igreja ao longo dos séculos. Não é algo acabado. Ela é dinâmica.
A Tradição e a Escritura não são coisas separadas. As duas formam uma só realidade, apresentadas de formas diferentes. A Tradição progride na Igreja com a orientação do Espírito Santo enquanto que a Escritura enquanto texto sagrado não muda.
TRADIÇÃO é diferente de TRADICIONALISMO:
A Tradição faz crescer a importância e a compreensão da mensagem. Ela progride, vai fazendo a história da Igreja, vai guardando o conteúdo da fé e vai fazendo a reflexão avançar.
Magistério da Igreja é o nome que usamos para nos referir ao exercício da autoridade de ensinar, de orientar a pastoral, de zelar pela autenticidade da mensagem e pelo progresso na compreensão da missão da Igreja e da vivência da fé. Os documentos oficiais, como a “Dei Verbum”, fazem parte deste magistério.
O Magistério da Igreja, que é tarefa própria dos bispos (ensinar e orientar para a vivência da fé), continua o trabalho dos apóstolos, supervisionando a transmissão da mensagem e zelando pela fidelidade às fontes.
Contudo, a Igreja inteira é responsável pela transmissão da fé e não somente os Bispos.
É bom distinguir: Inspiração depende de Deus. Interpretação depende do ser humano.
A Bíblia é considerada sagrada, Palavra de Deus, porque foi escrita sob a inspiração do Espírito Santo (DV 11).
Deus respeitou as pessoas que escreveram os textos sagrados, conservado seu estilo próprio e refletindo as condições da época em que viveram.
A Bíblia não é livro de ciência, história ou geografia. Nem traz receitas prontas. Ela é um livro de fé, que registra a experiência de fé de um povo, de pessoas que acolheram a revelação divina.
É necessário considerar em cada texto bíblico, o gênero literário que está sendo usado, bem como o tempo e a cultura do autor humano (DV 12).
Deus, para se revelar, se “ajustou” aos nossos limites de linguagem, tempo e cultura.
É preciso ler cada texto com atenção ao conjunto da mensagem da Escritura. Quem utiliza versículos isolados pode não compreender o verdadeiro sentido da mensagem.
O Povo da Bíblia percebeu sua missão, vendo-se como escolhido por Deus, destinatário da salvação, mensageiro e sinal da bênção divina para a humanidade.
A Revelação contida no AT está orientada para Cristo.
Estes livros, embora contenham coisas imperfeitas e transitórias, manifestam contudo a verdadeira pedagogia divina (DV 15).
Tradição é fidelidade à vida da Igreja, alimentada nas origens e aberta às necessidades de cada tempo e lugar.
Tradicionalismo é fixação ao passado (fazer por fazer), rejeição ao novo, medo do futuro, apego à rotina.
O NT testemunha os atos e as palavras de Jesus. Palavra encarnada do Pai, e a ressonância desses atos e palavras nas primeiras comunidades cristãs. Os evangelhos, é claro, têm merecido destaque: são o caminho para hoje podermos conhecer a pessoa e a mensagem de Jesus.
Os quatro evangelhos têm origem nos apóstolos que, por ordem do próprio Jesus, anunciaram a pessoa, a obra e a mensagem de seu Mestre.
Cada um organiza seu texto, escolhendo alguns fatos, destacando outros, para dar o recado de acordo com o objetivo que tem em mente. A variedade é um sinal da riqueza da mensagem, que pode ser tratada a partir de vários ângulos, sem deixar de ser verdadeira.
O ministério da Palavra é um caminho para a participação de muita gente na Igreja.
É necessário estimular e facilitar, para todas as pessoas, a leitura da Palavra de Deus.
Merecem atenção especial (cf. DV 23 e 25):
- O estudo dos santos padres da Igreja, para a vivência da fé.
-O estudo da liturgia, para compreender, amar e viver essa palavra.
- A contribuição dos exegetas, que abrem caminhos para interpretação desta palavra.
O estudo das Sagradas páginas seja como a alma da Sagrada Teologia. Da mesma palavra da Sagrada Escritura também se nutre salutarmente e santamente se fortalece o ministério da palavra, a saber: a pregação pastoral, a catequese e toda a instrução cristã, na qual deve ter lugar de destaque a homilia litúrgica (DV 24).

Ações concretas que estimulam a relação pessoal com a Escritura:

-Contato íntimo e pessoal com a Palavra de Deus.
- Cursos de formação bíblica.
- Leitura orante da Bíblia (Lectio Divina)..
-Uso de edições apropriadas.

Vamos refletir e grupo e partilhar as idéias:

1. Que valor damos à Revelação de Deus na Bíblia e na vida?
2. Catequista: Você já se deu conta do quanto você é indispensável pela transmissão da Palavra de Deus?
3. O que sabemos da história do povo do Antigo Testamento? Como entendemos a pedagogia de Deus no caminho desse povo?
4. Como alimentar nossa intimidade com a Bíblia?
4. As flores e os frutos da caminhada bíblica no Brasil

O CHÃO DA NOSSA VIDA:

As celebrações comunitárias ao redor da Palavra de Deus fizeram com que os ministros e ministras necessitassem de maior formação bíblica. O povo nas comunidades celebra a Palavra ao redor da Bíblia, rezando e cantando.
Nessas celebrações brotam toda criatividade, participação e vivência das pessoas. Elas expressam sua fé dentro de um jeito de celebrar. Há uma diversidade de forças vivas que ajudam tanta gente a encontrar uma maneira nova e entusiasmada de participar da vida da Igreja e crescer na fé.
O nosso povo usa a Bíblia pra tudo: orações, catequese, cursos, encontros, retiros, vigílias, sermões, discursos, músicas, gincanas, documentos, liturgia...
A Bíblia ajuda e ilumina tudo o que se faz na vida das comunidades.
“Quem trouxe a Bíblia?”. Se essa pergunta fosse feita a quarenta anos, ninguém levantaria a mão!
O uso da Bíblia revela grande amor pela Palavra de Deus. Só se percebe o resultado disso nas flores e frutos que aparecem depois de um tempo.
Tempos fortes: Advento, novena de natal, quaresma, campanha da fraternidade, mês
da Bíblia.

O CHÃO DA CATEQUESE:

A reflexão sobre o importante papel que a Bíblia exerce no processo catequético avançou bastante aqui no Brasil. Cabe aos catequistas esclarecer os pontos fundamentais da Bíblia, especialmente a proposta de Jesus contida no NT. Mas é importante ressaltar que a Bíblia, assim como o próprio Jesus, supõe um interlocutor adulto, alguém que está sedento em busca de um rumo para sua vida, assim como estava aquela samaritana que ia ao poço em pleno meio dia (cf. Jo 4).
Certos textos da Bíblia foram mal interpretados e se transformaram em historietas para crianças. Faz-se necessário, cada vez mais, descobrir que a Bíblia é um conjunto de livros, com os mais variados estilos literários, escritos para adultos que estão num processo formativo de fé.

Vale ressaltar:
A Bíblia é o livro mais importante da Catequese.
A Catequese não é completa se o fiel não descobrir a importância de ter em suas mãos a palavra de Deus.
É inaceitável um projeto catequético que não parta da Bíblia e que não leve para a Bíblia.
A Bíblia não é um manual de dogmas, mas um caminho. Ela pede de nós resposta prática, engajamento consciente, fé firme e uma caridade perfeita.
É conquista de toda uma vida.
A Bíblia na catequese quer ajudar os fiéis a descobrir a maneira como Deus nos fala hoje. E aonde precisamos ir para cumprir a sua vontade, com amor e fé!

5. Dez características para uma Leitura popular da Bíblia:

(Com base no pensamento de Carlos Mesters e Francisco Orofino)
1. A Bíblia é reconhecida e acolhida pelo povo como Palavra de Deus. É nesta raiz ou tronco bem firme da fé, que enxertamos nossa vida e nossos trabalhos.
2. Ao ler a Bíblia, trazemos à tona a vida do povo e a confrontamos com a nossa própria vida.
Ela aparece como espelho, numa ligação profunda entre fé e vida.
3. A partir desta nova ligação entre Bíblia e vida, os pobres fazem a descoberta, a maior de todas: "Se Deus esteve com aquele povo no passado, então Ele está também conosco nesta luta que fazemos para nos libertar. Ele escuta também o nosso clamor!" (cf. Ex 2,24; 3,7).
4. Antigamente, a Bíblia ficava longe. Era vista como livro dos "padres". Hoje ela está mais perto de nós, ajudando-nos a descobrir uma experiência nova e de gratuita de Deus em nossa vida e em nossa história.
5. Surgiram novas maneiras de se olhar e interpretar a Bíblia. Ela é instrumento precioso para fazer uma análise mais crítica da realidade que hoje vivemos.
6. A Palavra de Deus não está só na Bíblia, mas também na vida, e de que o objetivo principal da leitura da Bíblia não é interpretar a Bíblia, mas sim interpretar a vida com a ajuda da Bíblia.
7. A Bíblia entra por uma outra porta na vida do povo: não pela porta da imposição autoritária, mas sim pela porta da experiência pessoal e comunitária. Ela se faz presente não como um livro que impõe uma doutrina de cima para baixo, mas como uma Boa Nova que revela a presença libertadora de Deus na vida e na luta do povo.
8. Para que se produza esta ligação profunda entre Bíblia e vida, é importante:
a) ter convivência e experiência pastoral inserida no meio do povo; b) Descobrir que se pisa o mesmo chão, ontem e hoje (texto/contexto); c) Ter uma visão global da Bíblia, ligando-a com a situação concreta da vida, percebendo seu alcance e suas luzes.
9. A interpretação que o povo faz da Bíblia é uma atividade envolvente: trabalho e estudo de grupo, leitura pessoal e comunitária, teatro, celebrações, orações, etc. A criatividade torna rica a compreensão.
10. Para uma boa interpretação, é muito importante o ambiente de fé e de fraternidade, através de cantos, orações e celebrações. Pois o sentido da Bíblia não é só uma idéia ou uma mensagem que se capta com a razão e se objetiva através de raciocínios, é também um
sentir, uma consolação, um conforto que é sentido com o coração.

6. Catequese e Evangelização

“Evangelizar é, antes de tudo, não ignorar”. É o que disse o texto-base do Ano Catequético e acrescenta: Muitas vezes, “damos respostas sem ouvir as perguntas. Vamos ensinando o que achamos necessário, sem ouvir o que está no coração do interlocutor. Evangelização e catequese são estradas de mão dupla, num diálogo permanente e indispensável, tanto para criar laços como para
indicar os procedimentos pedagógicos mais adequados. Não dá para educar com profundidade pessoas que a gente não se interessa em conhecer” ( Texto-base do ano Catequético - nº 30).
“Não dá para educar com profundidade pessoas que a gente não se interessa em conhecer”(n. 30). Esta frase do texto-base é muito profunda. Estimado (a) Catequista, o quanto você conhece seus catequizandos e qual é seu real interesse por eles?
A catequese depende da Evangelização. Sem o anúncio do querigma não há catequese, não como como iniciar um caminho de discipulado.
Querigma é uma palavra de origem grega (kérygma).
Buscando suas origens, encontramos a seguinte explicação: Keryx, significa “quem proclama”. Kerysso, “a ação de proclamar”. Kerigma, “o conteúdo da proclamação”. O primeiro anúncio, o conteúdo do evangelho, portanto, precisa ser querigmático, onde a pessoa tenha um verdadeiro e duradouro contato com Jesus.
Precisamos tocar estes jovens com o nosso testemunho e nos interessarmos por eles profundamente. Só a partir disso, poderemos de fato “fazer” catequese, no sentido mais original da sua palavra: katechéo (do grego, fazer ecoar): “Na raiz etimológica do termo catequese, está o conceito de fazer eco, fazer ressoar. Ou seja, para que haja catequese, é necessário supor um som (sonido), uma voz, um conteúdo prévio que torne possível o eco, a ressonância. Sem este som, como será possível res-soar? Será possível
ressoar o silêncio ou o nada?” (Pe. Luiz Alves de Lima).
Olhando para a realidade de nossas comunidades nos deparamos com um problema bastante inquietante: nossa catequese pretende muitas vezes iniciar, mergulhar e aprofundar os catequizandos no mistério e quando nos deparamos com sua realidade de fé percebemos que pouca coisa ou quase nada existe. Será que nada foi semeado? Como fazer ressoar uma melodia que nem
se quer foi ouvida ou acolhida significativamente no coração dos catequizandos? E por que isso?
Herdamos uma situação, na qual supomos que nossos interlocutores (catequizandos) comparecem à catequese já evangelizados, já tendo recebido o anúncio primeiro através da família ou do ambiente sócio-cultural pretensamente cristão em que vivem. E isso nem sempre acontece.
Talvez um dos maiores desafios pastorais da Igreja hoje não seja tanto em converter aqueles que não tem fé, mas em RE-iniciar à fé aqueles que já receberam os sacramentos na Igreja, mas não foram verdadeiramente evangelizados e iniciados.
Fica para nós catequistas uma responsabilidade vital: A ressonância do nosso anúncio precisa ser desenvolvida: Deus nos ama, nos chama à comunhão e oferece um caminho de salvação.
Estamos diante de um aspecto da catequese que, com freqüência, se esquece: a necessidade de um anúncio que seja diálogo e expressão de testemunho pelo serviço. Um anúncio alegre e convicto de proclamação da fé em Jesus Cristo, cuja ressonância no interior da pessoa estará sempre latejando no coração do catequizando.
O documento de Aparecida diz: “A iniciação cristã, que inclui o querigma, é a maneira prática de colocar alguém em contato com Jesus Cristo e introduzi-lo no discipulado” (288). E diz mais adiante: “Sentimos a urgência de desenvolver em nossas comunidades um processo de iniciação na vida cristã que comece pelo querigma e que, guiado pela Palavra de Deus, conduza a um encontro pessoal, cada vez maior, com Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, experimentado como plenitude da humanidade e que leve à conversão, ao seguimento em uma comunidade eclesial e a um amadurecimento de fé na prática dos sacramentos, do serviço e da
missão” (DA 289).

É hora de re-avaliar a nossa caminhada e pensar qual é o rosto da nossa catequese:
1. Nossa catequese nos impulsiona para frente, nos motiva e nos empolga a caminhar no discipulado de Jesus? Ou nossa catequese está bastante acomodada, sem criatividade e sem entusiasmo?
2. Que tipo de catequista eu sou? Aquele que anuncia aos ventos (prega mas não vive o que anuncia) ou aquele que proclama sobre os telhados (prega e vive o que anuncia)?
3. Sou um alegre servidor da comunidade e discípulo do Reino ou apenas um tarefeiro, que executa todo o serviço, mas sem alegria, sem convicção e sem espiritualidade?
Como catequista, o que você tem a dizer sobre essa afirmação: “Vou fazer de qualquer jeito.
Quero ganhar esse jogo”?

Uma historinha que nos faz pensar: A BOMBA D’ÁGUA.

Um certo homem estava perdido no deserto, prestes a morrer de sede. Foi quando ele chegou a uma casinha velha – uma cabana desmoronando - sem janelas, sem teto, batida pelo tempo. O homem perambulou por ali e encontrou uma pequena sombra onde se acomodou, fugindo do calor do sol desértico.
Olhando ao redor, viu uma bomba a alguns metros de distância, bem velha e enferrujada.
Ele se arrastou até ali, agarrou a manivela, e começou a bombear sem parar. Nada aconteceu.
Desapontado, caiu prostrado para trás e notou que ao lado da bomba havia uma garrafa. Olhou-a, limpou-a, removendo a sujeira e o pó, e leu o seguinte recado: "Você precisa primeiro preparar a bomba com toda a água desta garrafa, meu amigo. Obs.: Faça o favor de encher a garrafa outra vez antes de partir."
O homem arrancou a rolha da garrafa e, de fato, lá estava a água. A garrafa estava quase cheia de água! De repente, ele se viu em um dilema: Se bebesse aquela água poderia sobreviver, mas se despejasse toda a água na velha bomba enferrujada, talvez obtivesse água fresca, bem fria, lá no fundo do poço, toda a água que quisesse e poderia deixar a garrafa cheia pra próxima pessoa...
mas talvez isso não desse certo.
Que deveria fazer? Despejar a água na velha bomba e esperar a água fresca e fria ou beber a água velha e salvar sua vida? Deveria perder toda a água que tinha na esperança daquelas instruções pouco confiáveis, escritas não se sabia quando?
Com relutância, o homem despejou toda a água na bomba. Em seguida, agarrou a manivela e começou a bombear... e a bomba começou a chiar. E nada aconteceu!
E a bomba foi rangendo e chiando. Então surgiu um fiozinho de água; depois um pequeno fluxo, e finalmente a água jorrou com abundância! A bomba velha e enferrujada fez jorrar muita, mas muita água fresca e cristalina. Ele encheu a garrafa e bebeu dela até se fartar. Encheu-a outra vez para o próximo que por ali poderia passar, arrolhou-a e acrescentou uma pequena nota ao bilhete preso nela: "Creia-me, funciona! Você precisa dar toda a água antes de poder obtê-la de volta!".

O que aprendemos com esta historinha?

Vamos abrir um espaço para partilha das idéias e ensinamentos que tiramos desta parábola.
Pra esquentar a conversa podemos elencar algumas lições concretas:
1. Ouça atentamente o que Deus tem a te dizer através da Bíblia e confie. Como esse homem, nós temos as instruções por escrito à nossa disposição. Basta usar.
2. Saiba olhar adiante e compartilhar! Aquele homem poderia ter se fartado e ter se esquecido de que outras pessoas que precisassem da água pudessem passar por ali. Ele não se esqueceu de encher a garrafa e ainda por cima soube dar uma palavra de incentivo. Se preocupe com quem está próximo de você, lembre-se: você só poderá obter água se a der antes. Cultive seus relacionamentos, dê o melhor de si!
3. Nenhum esforço que você faça será válido, se ele for feito da forma errada. Você pode passar sua vida toda tentando bombear algo quando alguém já tem reservado a solução para você. Preste atenção a sua volta! Deus está sempre pronto a suprir suas necessidades!
4. Agora é a sua vez... (O que ficou mais forte para você desta parábola?).

Seja um catequista em quem a Palavra de Deus possa ser o Livro vivo e vivido em sua vida .

Com minha benção
Pe.Emílio Carlos!